sexta-feira, novembro 10, 2006

Terra

E chegamos.
Tempo frio, arrepios na espinha. Todas aquelas pessoas que eu nunca julgaria que seriam capazes estavam agora desmoronando. Lágrimas e lágrimas e eu mesma não entendia o que estava acontecendo mas a dor dos outros me feria profundamente lá dentro. O ser humano é tão frágil.
E lágrimas caindo... Caindo em gotas na terra. Na terra e nos ombros daqueles que se apoiavam também nos ombros chorosos mas, que além de só chorarem aceitando a fragilidade do ser, também traziam palavras de consolo. Aquele consolo daqueles que mais precisam ser consolados.
A procissão começou. Passos em caminhos bem formados com pedras mau formadas. Um caminhar lento acompanhado de uma nuven de sussurros de situações distantes e cotidianas totalmente distoantes do momento mas, que de certa forma aliviavam a tensão formada pelos suspiros não suspirados e pelos olhares tristes cobertos pelas escuras lentes de vidro.
Palavras de carinho, demonstrações de aféto, olhares que encontravam olhares e que fugiam dos olhares do mundo. Agora o sentimento é permitido. Mas só um pouquinho.

E a vida continuou. O tempo esquentou e fomos embora.

6 Comments:

Charles Bosworth said...

Ei, pareceu tão terrível e desesperador! Mas aí... ficou normal? Não entendi! Me diga, o que te levou a escrever isso?
(gostei)

Anônimo said...

Eu fui no enterro da minha tia avó.
voltou a ser um dia normal...
Esses momentos nunca tem muito destaque para aqueles que são só observadores... Eles vem e vão. E quando se tem tempo para algo que não a rotina?
Mesmo os rituais são regulados pelo tempo. =/

Charles Bosworth said...

Uau, entendi.
Que legal da sua parte dividir conosco.

Anônimo said...

Nossa Cla..
Meu.... Nem tenho o que dizer..

Ozzer Seimsisk said...

Foi assim também comigo, no enterro da minha vó, ano passado. Parece nessas horas que a gente é quem menos sofre, mas é quem mais é consolado; e a gente quer consolar os que estão consolando a gente, que estão sofrendo mais que a gente, não é? ... O que me aflige é que o sentimento acabe trancado outra vez, quando a gente vai embora e o dia volta ao normal. Impossível compreender que algo nunca vai ser igual quando tudo continua a mesma rotina de sempre... Não sei, são os mistérios da vida. No meu caso, fomos pra casa almoçar com a família, contamos causos, rimos. A vida continua igual e diferente.

Muito bonito isso que você escreveu, Clarinha. Estou te mandando um abraço forte.

Utak said...

É... As pessoas vão e vem, como o vento. Presente ou não, elas estão em nossas vidas. O que podemos fazer é torcer para que, para onde quer que essas pessoas vão, para o caso de elas irem pra algum lugar, que elas cheguem em paz e que não sofram...

Muito legal de você estar compartilhando isso com agente. Um abração e um beijão Clá! quem sabe agente se vê esses dias?

A! tem peça quinta feira dia 23/11! compareça! é às 9h, no santa...

até